História do samba e do Carnaval de BH vai virar almanaque
Jornalista prepara publicação com perfil de mais de 50 sambistas de Belo Horizonte ou que atuam na capital mineira
Minas Gerais é a origem de muitos sambistas que adotaram o Rio de Janeiro, a “meca” do samba, para alcançarem sucesso. Entre eles Ari Barroso, Ataulfo Alves, Geraldo Pereira, Clara Nunes. Mas muitos decidiram ficar em Minas e carregam a “bandeira do samba” adiante. No interior ou na capital mineira, eles sobrevivem: gravam discos; são personagens de filmes e documentários; ou ganham reconhecimento enquanto autores das letras de sambistas famosos. É o caso dos compositores Toninho Geraes e Fabinho do Terreiro, cujos sambas são gravados por Zeca Pagodinho.
Essa produção que hoje se encontra em pleno vigor, com a reconciliação do belo-horizontino com o Carnaval, sobretudo após a explosão dos blocos de rua, carece, porém, de registros literários. Para preencher essa lacuna, o jornalista e pesquisador Zu Moreira prepara para ser lançado neste ano o projeto “Almanaque “BH tem Samba: Perfil de Sambistas Mineiros”.
O projeto consiste na produção de um almanaque composto de letras de músicas, fotos, ilustrações e reportagens sobre a vida e a obra de mais de 50 sambistas naturais da capital mineira ou que atuam em Belo Horizonte. A proposta inédita é decorrente do trabalho do jornalista, realizado em 2007, no extinto jornal Diário da Tarde.
Memória
Fazem parte do resgate, desde integrantes da Velha Guarda, como: Jadir Ambrósio, Ronaldo Coisa Nossa, Zé do Monte, Mestre Conga, Gervásio Horta, Donaelisa e Dona Lúcia, Irmãos Saraiva (Mauro, João e Plínio), passando pela geração seguinte, que vai de Toninho Geraes, Fabinho do Terreiro, Serginho Beagá, Jussara Assis, Eliane Jeansen, Reinaldo Avelar (Curral do Samba), Mário Emílio Moura, Bira Favela, Nonato do Samba, Mandruvá, Geraldo Magnata e Mestre Afonso; até revelações da atualidade, como os cantores e compositores Aline Calixto e Dudu Nicácio, e como os Djs Rafa da Obra (Rafael Soares) e Anônimo do Sambacana Grouve (Israel do Vale).
“Pretendemos também reverenciar a memória de sambistas já falecidos, como Mestre Afonso, Mestre Jonas,Kalu, Jadir Ambrósio e Dona Lúcia Santos. Entendo que se faz urgente a realização deste resgate histórico e sentimental, uma vez que outros personagens – lendas vivas da nossa cultura – encontram-se já em idade avançada”, afirma o jornalista Zu Moreira.
Continuidade
Entre abril e julho de 2007, antes do “boom” das rodas de samba e dos blocos de rua em Belo Horizonte, o jornalista fez um mapeamento da cena de samba na capital mineira, com a reprodução de reportagens abordando a cultura do samba, seus personagens e suas histórias. “Como era um jornal diário, que guarda em si esse aspecto efêmero deste tipo de publicação, acho que é fundamental a continuidade do trabalho para que a obra dos artistas seja eternizada neste projeto, de maneira definitiva”, explica.
Entre as ações previstas para a preservação e promoção da diversidade desse patrimônio imaterial da cidade, estão a atualização de pesquisa, iniciada em 2007, a apresentação e lançamento do almanaque em escolas, centros culturais e comunidade do samba, além da disponibilização para download na internet em sites especializados em samba
Para tanto, estão sendo realizadas novas entrevistas e depoimentos e registros fotográficos para a produção de um almanaque com o perfil e as histórias dos sambistas.
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Crédito: Zu Moreira